O presidente Lula (PT) recebe nesta terça-feira 10 presidentes da América do Sul. Ao todo, serão 12 países representados em reunião marcada para o Palácio do Itamaraty, contando com o Brasil e o representante do Peru. A ideia, segundo o governo, é retomar o diálogo e a cooperação de forma mais organizada com as nações do continente. O evento durará o dia inteiro em Brasília, com duas etapas de reuniões, terminando em um jantar no Palácio da Alvorada.
Devem participar do encontro os presidentes Alberto Fernández (Argentina), Luís Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Guillermo Lasso (Equador), Irfaan Ali (Guiana), Mário Abdo Benítez (Paraguai), Chan Santokhi (Suriname), Luís Lacalle Pou (Uruguai) e Nicolás Maduro (Venezuela).
A única ausência em nível presidencial é a do Peru, cuja presidente Dina Boluarte está impossibilitada de comparecer por questões constitucionais. O Peru vive uma crise política desde a destituição do agora ex-presidente Pedro Castillo no fim do ano passado. No lugar de Dina Boluarte virá o presidente do conselho de ministros do país, Alberto Otárola.
Polêmica
Entretanto, um dos chefes de Estado já está no Brasil desde segunda-feira e com muita polêmica: trata-se do presidente e ditador da Venezuela, Nicolas Maduro. “Momento histórico.” Foi como o presidente Lula classificou primeira visita do ditador ao Brasil desde 2015. “É o começo da volta do Maduro”, afirmou o petista, que isentou o venezuelano da crise econômica e condenou as sanções contra seu regime.
Lula não fez qualquer menção a violações de direitos humanos e políticos, como perseguição, prisão e tortura de milhares de opositores. E fez críticas às sanções contra Caracas. “É efetivamente inexplicável um país ter 900 sanções porque o outro país não gosta dele”, disse. “É culpa dos Estados Unidos, que fizeram um bloqueio extremamente exagerado.”
Os dois tiveram uma reunião fechada e outra com a presença de ministros. Maduro participa hoje do encontro com líderes da América do Sul e vai propor que defendam a suspensão de todas as sanções e medidas unilaterais contra Venezuela, Cuba e Nicarágua. Para ele, essas políticas são uma forma de “chantagem do dólar”. Uma saída seria a utilização de outra moeda, como o yuan, ou do Banco do Brics.
Críticas
A oposição discordou da avaliação de Lula e não poupou críticas. Parlamentares ligados ao ex-pressidente Jair Bolsonaro (PL) criticaram inclusive o fato de o Tribunal Superior Eleitoral, durante a campanha do ano passado, ter determinado a retirada de inserções que associavam Lula a ditadores como Maduro e Daniel Ortega, da Nicarágua. Poucos foram os governistas que saíram em defesa do presidente petista.
A diretora da divisão de Américas da Human Rights Watch, Juanita Goebertus, também criticou o discurso de Lula. “O autoritarismo na Venezuela não é uma narrativa construída. É uma realidade”, escreveu no Twitter.