A Prefeitura de Goiânia destinou mais de R$ 2,2 bilhões no ano passado para a rede de saúde pública municipal. Entre recursos próprios e repasses federal e estadual. Apesar disto, menos da metade das ações previstas para 2024 foram efetivamente realizadas pela gestão passada, de Rogério Cruz.
Pelo menos, segundo balanço apresentado nesta quinta-feira (20/3) pelo atual secretário municipal de Saúde, Luiz Gaspar Machado Pellizzer. Ele falou na Comissão de Saúde e Assistência Social da Câmara de Goiânia.
“É muito difícil falar de números e ações de uma outra gestão. Acredito que responsáveis pelo governo anterior deveriam estar aqui para responder aos questionamentos”, disse Pellizer. Mas, o secretário não se furtou a mostrar números e prestar esclarecimentos à Câmara.
De acordo com ele, das 123 ações previstas para 2024 pela gestão anterior, apenas 44,7% foram cumpridas. Contudo, foram destinados para a área R$ 2,2 bilhões no ano passado, sendo R$ 1,22 bilhão em recursos próprios, representando 21,6% da arrecadação municipal – percentual superior ao mínimo de 15% exigido pela Constituição.
Segundo Pellizer, foram 77.136 internações hospitalares – em unidades de saúde públicas e privadas – em 2024. Já os atendimentos ambulatoriais somaram 9,6 milhões no período. E outros 204 mil atendimentos no setor de urgência e emergência. O município realizou, ainda, um total de 10,8 milhões procedimentos de média e alta complexidade. É como se todo o goianiense tivesse sido atendido 7 vezes no ano passado pela rede municipal de saúde.
Dívidas e questionamentos
Luiz Pellizer afirmou que o valor atualizado da dívida da sua pasta com fornecedores e prestadores de serviços chega a R$ 609 milhões. A situação, segundo ele, levou a Prefeitura a decretar calamidade pública e financeira na área da saúde. “Tivemos melhorias significativas em um primeiro momento, mas devemos evitar soberba. Era uma saúde que estava na UTI e foi, no máximo, para um estado semi-crítico”, disse.
Alguns vereadores questionaram o secretário. Aava Santiago (PSDB) cobrou, por exemplo, um maior detalhamento sobre as dívidas da Prefeitura. “Precisamos saber o que a SMS está devendo e o porquê. São quantos meses de dívida? De onde vem essa dívida? O que é devido a fornecedores? Há dívidas relacionadas a empréstimos?”, questionou.
A vereadora Kátia Maria (PT) apontou que, até hoje, após quase três meses da gestão de Sandro Mabel (União Brasil), muitas unidades de saúde e também gerências importantes da SMS estão sem gestores ou responsáveis diretos. “É inadmissível chegar em CAIS e em UPAs, depois de três meses da atual administração, e você não saber quem é o gestor, quem responde por aquela unidade”, criticou.
O secretário Pollizer justificou a ausência de diretores e gerentes nas unidades e departamentos da saúde por conta do novo processo de contratação implantado pela nova gestão. “Fazemos avaliação de currículo e uma avaliação presencial, entrevista. Se for um cargo de gerência ou diretoria, é feita ainda uma avaliação complementar por uma equipe de Psicologia. Por causa disso, os processos se tornaram um pouco mais lentos. Mas, estamos tentando, com isso, garantir que quem for nomeado tenha, de fato, capacidade técnica para exercer a sua função”, explicou Pollizer.
Denúncia
O vereador Igor Franco (MDB), líder do prefeito Mabel na Câmara, informou ter recebido denúncia de que a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc/UFG) – responsável pela administração de três maternidades na capital – estaria segurando pacientes nas UTIs sem necessidade. O objetivo seria receber mais recursos do município.
Luiz Pollizer assegurou que irá investigar o caso e que as equipes de auditores serão reforçadas. De acordo com ele, serão realizadas visitas diárias – ou de surpresa – às Maternidades Nascer Cidadão, Dona Iris e Célia Câmara para verificar a real situação dos pacientes internados nas UTIs.