A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) fez um desabafo nesta quinta-feira (17/8) ao receber, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), a Comenda Jornalista Washington Novaes. “Às vezes, receber homenagem fora do nosso país é motivo de muito orgulho, mas dentro do próprio país não é mais fácil. Porque é aqui que a gente tem que viver as contradições, contrariar interesses, ainda mais quando se trata de uma agenda como a do meio ambiente”, disse.
Marina Silva afirmou que está em elaboração um plano de prevenção e controle do desmatamento do Cerrado. “Em função do desmatamento desse bioma nós já estamos retardando o período chuvoso, como na região do Matobipa, em 50 dias. Já tivemos uma redução da superfície hídrica do nosso país em 15%”, frisou. “Hoje nós temos consciência de que podemos ser diferentes coisas: ser uma potência agrícola e uma potência hídrica e florestal”, afirmou.
Numa ooutra clara referência ao agronegócio brasileiro, a ministra disse que o Brasil pode “ser uma potência agrícola e uma potência hídrica e florestal”. “Tem lugar para o agronegócio, para os extrativistas, para a indústria, para todo mundo. O que é preciso é, dessa vez, criar um novo ciclo de prosperidade, que não deixe ninguém para trás”, afirmou.
A professora Elaine Barbosa da Silva, responsável pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento de Goiás, fez um relato preocupante sobre a situação ambiental do Cerrado. “Nos anos de 1990, tínhamos mais de 65% da área total preservada. No último mapeamento vemos que essas áreas não chegam a 50%. Já tínhamos poucos remanescentes e agora essas áreas seguem com uma fragmentação ainda maior”, disse.
Desmatamento
A especialista frisou que estudos feitos pela equipe técnica levam a crer que o desmatamento tende a caminhar para a Região Norte do Estado. “Estamos falando de uma área que era justamente a mais protegida, a região da Chapada dos Veadeiros. Nos últimos 20 anos tivemos em Goiás mais de 47 mil km² de desmatamento. Esse índice é muito alto para um Estado localizado no centro do bioma como o nosso”, enfatizou.
Já a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) de Goiás, Andréa Vulcanis, afirmou que nos governos de Ronaldo Caiado (UB) foi ampliado em mais de 1.500% a fiscalização ambiental. E que isso resulta em quase 80% de todos os alertas de desmatamento do Cerrado já fiscalizados. “O governador Ronaldo Caiado possui a agenda de meio ambiente mais íntegra e integrada na história de Goiás”, frisou.
Contudo, o deputado estadual Antonio Gomide (PT) voltou a criticar o desmatamento do Cerrado, inclusive em Goiás. “O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e em Goiás, 70% do nosso território é coberto por esse bioma. Entretanto, também um dos biomas mais agredidos por queimadas e, principalmente, pelo desmatamento, frisou.
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