Representantes de sociedades médicas condenam implantes hormonais para fins estéticos ou de desempenho esportivo. Principalmente os de gestrinona, chamados de “chip da beleza”. Segundo eles, não existem estudos científicos sobre a eficácia e a segurança desses implantes. Eles participaram nesta terça-feira (22) de debate na Câmara dos Deputados, proposto pelo goiano Dr. Zacharias Calil (UB).
Cristiane Moulin, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade, disse que os efeitos colaterais dos implantes hormonais vão desde queda de cabelo e acne até danos cardíacos e hepáticos. Apesar disso, segundo ela, o uso cresceu. “A população está sendo bombardeada por essas informações. Infelizmente, não tem como saber se faz mal. Alguns médicos, priorizando o seu ganho financeiro, prometem que essas ações vão trazer benefícios para a saúde, inclusive utilizando celebridades como exemplos de sucesso”, denunciou.
O presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, Paulo Miranda, disse que a entidade proibiu a prescrição de hormônios para fins estéticos em março. Já o Conselho Federal de Medicina fez o mesmo em abril de 2023. Segundo Miranda, os implantes hormonais têm sido prescritos para problemas diversos para os quais existem tratamentos eficazes. Como redução de libido, sarcopenia, endometriose, distúrbios menstruais, redução de gordura, falta de energia e ganho de massa muscular.
Cristina Laguna, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, disse que é preciso fazer campanhas de informação sobre o assunto. “Eu tenho uma preocupação muito séria de que tudo que a gente via de anabolizante era dentro das academias ou via mídia social. E o que a gente está vendo com a gestrinona é a prescrição por médicos. Me assusta terrivelmente. Porque são os que deveriam deter o conhecimento para se preocuparem com os efeitos benéficos e maléficos”, afirmou.
Anvisa
Representantes da Anvisa esclareceram que a gestrinona foi permitida para o tratamento da endometriose por via oral na década de 80. Mas que não houve pedido para registro de implantes, o que até dificulta medidas restritivas. De qualquer forma, a agência proibiu a publicidade de implantes hormonais em 2021. Em 2022, a gestrinona foi classificada como substância anabolizante.
Técnica da Anvisa, Erica Costa disse que a agência tem conseguido apenas apreender implantes quando encontra grandes quantidades de produtos que não estariam baseados em receitas médicas. Segundo ela, a Anvisa não sabe quem são os fabricantes.
O deputado Dr. Zacharias Calil sugeriu que os médicos divulguem mais os efeitos ruins dos implantes. “Deveria haver um trabalho mostrando realmente os efeitos colaterais principais que vocês têm encontrado na clínica diária”, disse.
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