De olho nas consequências da guerra no Leste Europeu para a economia brasileira, os economistas do mercado financeiro elevaram a projeção para a alta da taxa básica de juros (Selic) neste ano. A estimativa mediana subiu de 12,25% para 12,75% ao ano no fim de 2022, conforme o Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira (14/3).
Para a reunião Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana, mantiveram a expectativa mediana de alta de 1,00 ponto porcentual da Selic, de 10,75% para 11,75% ao ano. Mas passaram a prever mais aumentos à frente diante da forte deterioração do cenário inflacionário como consequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.
No Copom de fevereiro, o Banco Central indicou a intenção de reduzir o ritmo de alta de juros. Os economistas, por sua vez, acreditam que a alta da taxa Selic terá de ir mais longe e ficar em um nível mais elevado por um período mais longo.
A estimativa do Focus para a taxa Selic no fim de 2023 avançou de 8,25% para 8,75%, ante 8% há quatro semanas. Para 2024, subiu de 7,38% para 7,50%, ante 7,25% de um mês atrás. Já a previsão para o fim de 2025 continuou em 7%, repetindo a taxa de quatro semanas atrás.
Inflação e PIB
A previsão de inflação para 2022 está subindo há nove semanas consecutivas, mas deu um salto no Focus divulgado nesta segunda-feira (14). Na semana passada, o mercado esperava que o IPCA terminasse 2022 em 5,65%. Agora, passou a prever inflação de 6,45% no final deste ano. O IPCA já acumula alta de 10,54% nos 12 meses terminados em fevereiro.
As expectativas do mercado são impactadas principalmente pelos efeitos da guerra entre Ucrânia e Rússia. O conflito vai elevar preços de alimentos, serviços, além de passagens aéreas e carros. O aumento no preço dos combustíveis também tem impacto relevante no IPCA por conta da transmissão dos preços pela cadeia, como no frete.
Para o PIB, o mercado ajustou para cima sua perspectiva de 0,42% para 0,49% refletindo ainda o número oficial de crescimento de 4,6% em 2021 divulgado pelo IBGE. No ano que vem, o mercado espera crescimento de 1,43%, contra 1,5% na semana passada.