A troca de comando no Ministério da Previdência não deve estancar a crise deflagrada pela revelação de um esquema bilionário de fraudes no INSS. Na sexta-feira (2/5), após uma longa fritura, o ministro Carlos Lupi (PDT) entregou o cargo. E foi logo anunciado que Wolney Queiroz, secretário-executivo do ministério, assumiria a pasta.
Entretanto, já há uma fila de parlamentares da oposição com requerimentos para que Queiroz vá ao Congresso explicar como a fraude aconteceu e o que está sendo feito para evitar que se repita. Um dos motivos para a queda de Lupi foi a revelação de que ele recebeu em meados de 2023 a denúncia sobre o esquema ilegal de descontos em benefícios, mas só tomou providências no ano seguinte.
A oposição deve centrar fogo no fato de Queiroz também ter participado da reunião em que a fraude foi denunciada. A escolha do novo ministro, homem de confiança de Lupi, é apontada como uma tentativa de serenar os ânimos no PDT, que chegou a ameaçar deixar a base de apoio do governo Lula.
A troca, porém, não agradou a um dos principais caciques do partido e crítico contumaz do governo: o ex-ministro Ciro Gomes. “Estou muito envergonhado! Isto é uma indignidade inexplicável”, escreveu ele em resposta à nota da legenda no X parabenizando o novo ministro. A posição de Ciro, porém, é minoritária no PDT.
Conter estragos
A proposta do governo Lula para ressarcir vítimas lesadas pelo esquema deve prever a criação de um sistema para contestações. O plano foi discutido por INSS e AGU na sexta e batizado de Plano de Ressarcimento Excepcional. A ideia é que, depois de o aposentado apresentar o registro, a gestão federal faça a análise para saber se houve ou não a autorização para a dedução.
A proposta ainda deve passar por análise da Casa Civil. Ainda não está claro com quais recursos os aposentados serão ressarcidos — os bens recuperados dos investigados podem ser insuficientes.