Reunião, sim. Trama para um golpe, não. Foi o que afirmou nesta quarta-feira (12/7) à Polícia Federal o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele relatou que, em 8 de dezembro, se reuniu, no Palácio da Alvorada, com o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e o ex-deputado federal Daniel Silveira. Mas negou ter discutido planos de gravar o ministro Alexandre de Moraes ou qualquer iniciativa fora das “quatro linhas da Constituição”.
O depoimento na condição de testemunha durou de cerca de duas horas e faz parte da investigação da PF sobre declarações de Do Val sobre uma trama contra o ministro do STF. Após a oitiva, Bolsonaro falou com a imprensa e deu a entender que as questões relacionadas a Do Val não devem ser levadas a sério. O senador também já negou envolvimento com qualquer plano golpista.
Entretanto, a perícia da PF no celular de Do Val mostra jogo duplo do senador. Em mensagens de WhatsApp, ele narrou a um grupo de amigas a reunião com Silveira e Bolsonaro e afirmou: “Estou com a bomba na mão para destruir Bolsonaro e outra para destruir Lula”. No mesmo grupo, compartilhou prints de mensagens a Moraes sobre uma “ação esdrúxula, imoral e até criminal” pedida no encontro. Para a PF, Do Val atuava de forma ambígua.
Enquanto isso…
O procurador Lucas Furtado, do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, pediu a apuração de irregularidades no salário de R$ 41 mil que o PL paga a Bolsonaro desde março, conta Camila Bomfim. Ele diz que a estrutura do partido está sendo utilizada para remunerar pessoa declarada inelegível.