O tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, decidiu não responder aos questionamentos dos membros da CPMI do 8 de Janeiro. Ele participou de oitiva nesta terça-feira (11/7), mas como está amparado por um habeas corpus, não é obrigado a responder às perguntas dos parlamentares para que não produza provas contra si mesmo.
Preso desde 3 de maio, Mauro Cid é acusado de fraudar cartões de vacinação e é investigado em oito inquéritos, incluindo sua possível participação no estímulo a atos golpistas e a invasão de prédios públicos em Brasília. Entrentanto, Mauro Cid não ficou calado o tempo todo.
Ele usou o tempo que lhe foi dado na CPMI para falar sobre a sua trajetória dentro das Forças Armadas. Na sua avaliação, durante os quatro anos no posto de ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, apenas cumpria atividades de assessoramento e secretariado executivo, sem qualquer ingerência em decisões.
“Não estava na minha esfera de atribuições analisar propostas, projetos ou demandas trazidas pelos ministros de estado, autoridades, e demais apoiadores. Ou seja, não participávamos das atividades relativas a gestão pública”, enfatizou.
Questionamentos
A relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), questionou o depoente sobre fatos que envolvem essas investigações como: as motivações para a suposta fraude nos cartões de vacinação do ex-presidente e seus familiares e sobre as trocas de mensagens com Jean Lawand Júnior, coronel do Exército, que sugeria pedido de apoio a uma intervenção das Forças Armadas.
A senadora perguntou ainda porque integrantes do governo passado foram visitá-lo na prisão, como o ex-ministro da Saúde e deputado federal, Eduardo Pazuello. Ainda assim, Mauro Cid seguiu sem responder.
Uma das linhas de investigação defendida pela relatora é a identificação dos possíveis financiadores dos ataques no dia 8 de janeiro. Mauro Cid não quis afirmar, após pergunta de Eliziane, se conhece Paulo Roberto Cardoso e Sandro Roberto Rocha, que também integravam a equipe da Presidência da República.
A relatora disse ter obtido dados segundo os quais os dois citados teriam relação familiar com sócios da empresa Cipal, instituição que recebeu empréstimos de R$ 22 milhões do BNDES para aquisição de caminhões que, segundo a senadora, foram identificados dentro do acampamento em frente ao Quartel General de Brasília.