O ministro Paulo Guedes (Economia) evitou hoje (23/11) na Câmara dos Deputados detalhar o patrimônio que ele e sua família tem no exterior nem a rentabilidade desses investimentos, mas afirmou que não tem preocupação com problemas financeiros de ordem pessoal. “Eu resolvi esse problema financeiro meu. Então, eu não me preocupo se eu estou assim, se estou assado”, disse. O ministro foi convocado para explicar a propriedade de uma empresa no nome dele nas Ilhas Virgens Britânicas, considerado um paraíso fiscal pela Receita Federal.
Guedes disse que tomou uma “decisão pessoal” em 2014 de abrir a empresa para ter uma parte dos recursos da família no exterior e que isso é “absolutamente legal”. “Por razões sucessórias, se você quiser investir alguma coisa, por exemplo, nos Estados Unidos; se você tiver uma conta em nome de pessoa física, se você falecer, 46 ou 47% é expropriado pelo governo americano. Todo o seu trabalho de vida, em vez de você deixar para um herdeiro ou para algum familiar, vira imposto sobre herança. Então, o melhor é usar uma offshore”, afirmou.
Segundo o site Poder 360, um dos órgãos de imprensa que participaram da reportagem sobre os investimentos de Guedes, o ministro tinha R$ 54 milhões na empresa no exterior em agosto de 2015.
Os deputados da oposição questionaram o ministro sobre quando ele saiu da direção da empresa, entregando a administração para terceiros, e sobre a permanência da filha dele na diretoria. Também perguntaram quanto deixou de ser pago em impostos no Brasil. Guedes reforçou que entregou as informações para a Comissão de Ética do governo e rebateu as acusações de que tenha tomado decisões que favorecessem as aplicações em outras moedas. Disse que as oscilações mais altas do dólar estão ligadas a fatos políticos ou à evolução da pandemia. E negou que tenha negociado a retirada da taxação das empresas em paraísos fiscais da reforma do Imposto de Renda.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse que todas as operações do ministro foram legais. “É comum que pessoas de sucesso tenham investimentos diversificados no exterior. É que, para essa galera aqui, é uma minoria, é verdade; quando fala em offshore, eles já lembram de roubalheira, eles lembram de corrupção, que é o que eles faziam no governo. Eles esquecem que há empresas legais”, disse.