O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, conseguiu dobrar a resistência de diretórios regionais e recebeu, numa reunião dos dirigentes da legenda, carta branca para acertar a filiação do presidente Jair Bolsonaro e de seu grupo político à legenda. A cerimônia de filiação estava marcada para o dia 22, mas foi adiada por divergências em relação a alianças regionais.
“A gente não vai aceitar, por exemplo, São Paulo apoiar alguém do PSDB”, disse Bolsonaro no fim de semana, em Dubai. Ao sair da reunião, o senador Jorginho Mello (SC) disse que o partido não vai apoiar qualquer candidato local que não esteja alinhado ao presidente. Presidentes regionais do partido afirmam que as divergências serão discutidas individualmente, mas que “dificilmente” o partido se coligará a siglas adversárias de Bolsonaro no pleito do próximo ano.
Valdemar terá a missão de, por exemplo, tentar encontrar um novo nome que agrade a Bolsonaro em São Paulo – como o do ministro Tarcísio Freitas, que gostaria de sair candidato a senador por Goiás – ou apoiar outra coligação. No Piauí, aliados do governador Wellington Dias (PT-PI) estão irritados com o aceno do PL a Bolsonaro. Com isso, Dias deve esperar a poeira abaixar e só em janeiro concentrará esforços para negociar alianças.
Em Goiás, o presidente estadual do partido, Flávio Canedo, reafirma que o PL deverá apoiar uma candidatura do prefeito Gustavo Mendanha (sem partido) ao governo estadual em 2022. “Só não estaremos com ele, se Mendanha não quiser o PL”, enfatiza. O prefeito ainda não definiu o partido que vai filiar para a eleição do próximo ano, mas tem sinalizado que pretende ficar neutro na campanha para presidente da República. Lideranças do PL em Goiás avaliam que essa neutralidade não será motivo de veto de Jair Bolsonaro, embora o presidente faça questão de ter palanques em todos os Estados e no Distrito Federal.
Ao sacrificar as alianças locais, o presidente nacional do PL mira na ampliação da bancada federal, por conseguinte, dos fundos partidário e eleitoral. Ele cita o exemplo do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que teve mais de um milhão de votos em 2018. Hoje o PL tem 42 deputados, mas espera pular para 65 com a adesão dos bolsonaristas, tornando-se a segunda maior bancada na Câmara, atrás dos 81 de DEM e PSL, que estão em processo de fusão, e à frente dos 53 do PT.