O distanciamento com o governador Ronaldo Caiado, evidenciada nas agendas do presidente Jair Bolsonaro neste final de semana em Goiânia, e as declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro na Câmara de Goiânia na noite de ontem apontam que o Palácio do Planalto trabalha com a possibilidade de não ter candidato a governador que garanta palanque ao presidente em Goiás no próximo ano. “O presidente não precisa necessariamente de um candidato ao governo aqui para ter um palanque. Ele chega aqui com conforto, mesmo sem ter uma candidatura ao governo”, afirmou Eduardo na noite de ontem. Para ele, Goiás é um estado de viés conservador e a forte presença do agronegócio seria mais um fator favorável ao presidente.
O caminho natural para Bolsonaro seria uma aliança com Caiado. Mas isto está, pelo menos no momento, descartado. Desde o início da pandemia os dois vêm se desentendendo e as tentativas de reaproximação de ambos lados não prosperaram, especialmente após a radicalização de Bolsonaro contra as instituições. Uma candidatura de Gustavo Mendanha, com o apoio do PL, seria uma outra alternativa. Mas Mendanha é visto com desconfiança pela ala mais radical da direita bolsonarista pela parceria política e administrativa que sempre manteve com partidos de esquerda em Aparecida, inclusive com o PT. A aliança também poderia ser um negócio ruim para Mendanha diante dos crescentes desgastes do presidente e por dificultar a composição com outros partidos de linha mais moderada, como o PSDB.
Entrou recentemente no radar do Palácio do Planalto a possibilidade de tira do bolso do colete um candidato mais alinhado com o grupo. O nome que surgiu foi do deputado federal Vitor Hugo (PSL) e o ele mesmo tentou viabilizar uma pré-candidatura. Mas a ideia não prosperou nem entre a militância mais radical e Vitor Hugo esfriou a articulação. A declaração dada por Eduardo Bolsonaro ontem é mais uma pá de cal na pretensão.