Assessores palacianos tentaram evitar, mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) tirou o Dia do Trabalho para tomar parte, ontem, de atos contra o STF. Esteve presente em Brasília e falou com o público em São Paulo por vídeo. Na Praça dos Três Poderes um grupo reduzido de manifestantes recebeu o presidente com cartazes pedindo intervenção militar e o fechamento do Supremo.
Bolsonaro ficou no local por dez minutos, acenou e foi embora sem discursar. Já o ato em São Paulo, mais encorpado, era em desagravo ao deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo STF e indultado pelo presidente. Bolsonaro afirmou que seu governo “acredita em Deus, respeita as autoridades, defende a família e deve lealdade a seu povo”.
Os ministros do STF não escondiam o alívio com a baixa adesão às manifestações bolsonaristas. Parte dos magistrados sequer chegou a acompanhar pela televisão o andamento dos protestos. Para os organizadores, o baixo empenho de Bolsonaro contribuiu para o esvaziamento.
Pouca gente para Lula
Baixa adesão não foi problema só de Bolsonaro. O ex-presidente Lula (PT) deveria discursar às 13h num evento de centrais sindicais pelo 1º de Maio, em São Paulo. Porém, como havia pouca gente no local, ele e seus assessores preferiram transferir o discurso para as 15h50, depois de uma apresentação de Daniela Mercury.
Lula também ficou incomodado com pedidos de voto explícitos feitos nos discursos, uma das raras violações que a Justiça Eleitoral tem punido na pré-campanha. “Eu ainda não sou candidato”, disse ao público em frente ao Estádio do Pacaembu. “Mas se preparem porque alguém melhor do que esse presidente [Bolsonaro] vai ganhar as eleições”, disse Lula.
Terceiro colocado nas pesquisas, Ciro Gomes (PDT) celebrou o 1º de Maio na sede do partido, em Brasília, numa homenagem ao centenário de Leonel Brizola (1922-2004), fundador da legenda. O ex-ministro chamou a atenção para os problemas que os trabalhadores enfrentam hoje, como inflação, desemprego, inadimplência e informalidade.