A continuada escalada dos preços dos combustíveis no Brasil se tornou uma grande preocupação para os governadores e presidente da República que vão disputar a reeleição neste ano. Há movimentação dos chefes de Estado para evitar uma revolta maior ainda dos milhões de consumidores (e eleitores) neste ano. Após o recuo do presidente Jair Bolsonaro em relação ao reajuste dos policiais aliviar os investidores, ontem (20/01) na sua tradicional live semanal ele disse que o governo deve apresentar ao Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para diminuir o preço dos combustíveis e da energia. Com a inflação em dois dígitos em ano eleitoral e a popularidade em queda, a sua declaração foi na véspera do último dia para a sanção do Orçamento da União para 2022.
A proposta, que permitirá a redução temporária dos valores em momentos de alta, atende a um desejo do presidente, vem sendo tocada pelos Ministérios da Casa Civil e da Economia e discutida com deputados e senadores. A ideia é que o texto seja apresentado logo após o final do recesso parlamentar. A iniciativa teve a concordância da equipe econômica, mas a divergência de outra parte do governo. Esta defendia a criação de um fundo de estabilização para amortecer eventuais oscilações bruscas de preço de combustíveis, o qual teria como fontes o fundo social do pré-sal e dividendos da Petrobras.
Já os governadores, depois de terem aprovado na semana passada o descongelamento do ICMS sobre os valores de referência dos combustíveis, a partir de fevereiro, têm voltado atrás e agora anunciam que devem rever a medida. O descongelamento aumentaria a carga do imposto estadual sobre distribuidoras e postos, que repassariam para os preços aos consumidores.
O governador Ronaldo Caiado (DEM), que está em tratamento de saúde em São Paulo, disse na quinta-feira (20/01) que defenderá manter o congelamento da pauta do ICMS. O preço do litro da gasolina em Goiás, para efeito de cobrança do imposto, é R$ 6,55 desde novembro passado, enquanto nos postos da capital o valor médio é de R$ 7,47. O Estado já teria perdido R$ 100 milhões em arrecadação com o congelamento.
Alguns donos de postos em Goiânia preveem que o preço do litro da gasolina comum, por exemplo, que já passou dos R$ 7,40 na maioria dos estabelecimentos da capital, poderá ultrapassar os R$ 7,60 e até mesmo chegar próximo dos R$ 8,00 até o final de março ou início de abril. Além do aumento da pauta do ICMS pelos governos estaduais, afirmam que a disparada dos preços do petróleo no mercado internacional e um possível aumento na cotação do dólar no Brasil devem pressionar ainda mais os preços nas bombas.