Os maiores sindicatos de profissionais da saúde em Goiás emitiram uma nota conjunta para criticar as recentes declarações do prefeito Sandro Mabel (União Brasil) sobre o afastamento de servidores na rede municipal de Goiânia. “Não posso ter dois, três mil servidores na área de saúde e de atestado médico, com falta de enfermeiro em Cais. Ou aposento ele, ou ele volta para trabalhar ou é demitido”, disse o gestor.
A declaração foi fortemente criticada pelos sindicatos dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde-GO), dos Enfermeiros do Estado de Goiás (SIEG), dos Médicos no Estado de Goiás (Simego) e dos Odontologista no Estado de Goiás (Soego).
As entidades afirmam que a declaração é “irresponsável e simplista”, pois ignora as verdadeiras razões que levam ao adoecimento dos servidores. Como a precariedade das condições de trabalho, a falta de insumos tais como sabão, papel toalha, papel higiênico, luvas, materiais de limpeza, lençol, medicamentos básicos, e a sobrecarga extrema de funções.
Denúncias
Os sindicatos afirmam que têm denunciado a precariedade das unidades de saúde de Goiânia. Lembram que o Ministério Público do Trabalho (MPT) já condenou a Prefeitura de Goiânia por descumprimento de normas de segurança e saúde no trabalho. Como nos casos do Ciams Urias Magalhães e do Centro de Saúde da Família Grajaú.
Nestes locais, segundo as entidades, servidores são obrigados a trabalhar em condições insalubres. Como presença de mofo nas paredes, instalações elétricas oferendo riscos, banheiros interditados, pias quebradas, enfim, sem estrutura adequada para funcionamento.
“Esses exemplos demonstram que o problema da saúde pública não está nos afastamentos médicos, mas sim na ausência de políticas efetivas para garantir um ambiente de trabalho digno e seguro”, enfatizam na nota.
Sobrecarga
“O afastamento dos servidores é consequência direta da sobrecarga de trabalho, agravada pela falta de profissionais. A insuficiência de trabalhadores faz com que os servidores enfrentem jornadas exaustivas, atendam um grande volume de pacientes e, muitas vezes, assumam múltiplas funções para suprir a ausência de colegas”, afirmam.
As entidades defendem ainda que, em vez de contratar, sem licitação, o Sesi para auditar atestados médicos, a Prefeitura deveria destinar esses recursos para resolver problemas urgentes da rede pública de saúde. Defendem também a convocação imediata dos aprovados no último concurso público.
“Criminalizar os afastamentos médicos não resolve o problema da saúde. O que a Prefeitura precisa é de ações concretas para melhorar as condições de trabalho, fortalecer o SUS e respeitar os profissionais que dedicam suas vidas ao atendimento da população”, concluem na nota.