Em meio a um seminário promovido por uma universidade alemã, o ministro Luís Roberto Barroso (STF) afirmou que há uma tentativa de levar as Forças Armadas para o “varejo da política”. Segundo Barroso, a pressão faz parte de uma tentativa de desacreditar o processo eleitoral. “Esse é um risco real para a democracia”, afirmou durante a palestra virtual.
“Nesses 33 anos de democracia, se teve uma instituição de onde não veio notícia ruim foi as Forças Armadas. Gosto de trabalhar com fatos e de fazer justiça.” Mas, ele afirma, isto mudou. “Desde 1996 não tem nenhum episódio de fraude. Eleições totalmente limpas, seguras. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar. Gentilmente convidadas para participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo.”
Reposta militar
O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, respondeu com uma nota dura. “As eleições são questão de soberania e segurança nacional, portanto, do interesse de todos”, diz o texto que ele assina.
“Afirmar que as Forças Armadas foram orientadas a atacar o sistema eleitoral, ainda mais sem a apresentação de qualquer prova ou evidência de quem orientou ou como isso aconteceu, é irresponsável.” E deu um passo além: “as Forças Armadas, como instituições do Estado Brasileiro, desde o seu nascedouro, têm uma história de séculos de dedicação a bem servir à Pátria e ao Povo brasileiro.”
Oficiais do Exército brasileiro se envolveram em movimentos armados para tirar do poder quem havia sido eleito pelo voto em 1889 (Visconde do Ouro Preto), 1922 (Epitácio Pessoa), 1924 (Artur Bernardes), 1930 (Washington Luís), 1937 (Congresso Nacional), 1954 (para impedir posse de Juscelino Kubitschek), 1959 (JK) em 1964 (João Goulart). Tiveram sucesso em quatro dos golpes de Estado.