O senador goiano Vanderlan Cardoso (PSD) tem conduzido o debate no Senado sobre o projeto de lei que autoriza o governo federal privatizar os Correios. A matéria já foi aprovada na Câmara dos Deputados, mas enfrenta resistência de muitos senadores, inclusive na base governista. Tanto que, para evitar uma derrota, o relatório do senador Márcio Bittar (PSL-AC) não foi votado ontem (9/11) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado em sessão comandada por Vanderlan, como estava previsto. Ficou para a próxima terça-feira.
O presidente da CAE no Senado, senador Otto Alencar (PSD-BA), é contra o projeto, mas fez acordo para não interferir. É por isso que Vanderlan, vice-presidente da Comissão, tem conduzido a votação e já declarou ser favorável à privatização da estatal. Dos 27 senadores membros da CAE, 10 já se posicionaram contra o projeto e 4 declararam que vão votar à favor. O governo Bolsonaro quer evitar emendas ou um relatório alternativo ao projeto de lei, como transformar a estatal em sociedade de economia mista e impedir a sua venda neste momento.
O projeto autoriza a venda de 100% dos Correios em leilão e a quebra do monopólio da empresa nos serviços postais. Como forma de agilizar, o relator Bittar fez poucas modificações no texto enviado pela Câmara dos Deputados. A principal é estabelecer um prazo mínimo para que agências dos Correios continuem atuando em municípios com população inferior a até 15 mil habitantes em áreas remotas da Amazônia Legal.
No ano passado os Correios tiveram lucro líquido de R$ 1,5 bilhão, o maior nos últimos 10 anos, e o patrimônio líquido cresceu de 84%, totalizando R$ 950 milhões. O volume de serviços (e faturamento) também apresentou significativo crescimento, principalmente com a pandemia, que fez explodir as vendas por internet, que necessitam de uma grande infraestrutura de entregas. O crescimento da receita de encomendas registrou incremento de 9% em 2020, com o recorde histórico de 2,2 milhões de encomendas postadas em um único dia. As receitas internacionais ultrapassaram R$ 1,2 bilhão, outro recorde para a estatal.
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