O evento regional do MDB realizado no sábado em Anápolis que, com presença do governador Ronaldo Caiado (DEM), deixou muito claro que Daniel Vilela deverá ser o seu vice de chapa na eleição de 2022 (leia aqui), não parece ainda suficiente para convencer algumas lideranças políticas de Goiás sobre essa aliança. Nem mesmo o fato do jovem emedebista participar, nos últimos dois meses, de várias agendas oficiais de Caiado nem as indicações do MDB para o governo estadual.
Depois do ex-prefeito de Goianésia e atual presidente da Codego, Renato de Castro, o senador Vanderlan Cardoso (PSD) também declarou que Daniel Vilela deve ser fritado da chapa caiadista. “A frigideira já está com óleo bem quente, só falta fritar”, disse hoje (6/12) para a Sagres. “O governador apostou muito no ex-prefeito Iris Rezende, que é uma liderança incontestável, mas, infelizmente, aconteceu o que aconteceu. E, agora, Daniel Vilela está agregando o que no projeto com o governador?”, questionou. Assim como Renato de Castro, Vanderlan também defendeu que a filha de Iris, Ana Paula Rezende, seria o melhor nome para a vice de Caiado.
É claro que as declarações do ex-prefeito e do senador carregam uma grande insatisfação com a escolha, há 11 meses da eleição estadual, do governador Caiado. Renato de Castro foi expulso do MDB, inclusive seu candidato a prefeito de Goianésia no ano passado, por Daniel Vilela por ter apoiado Caiado na eleição de 2018. O MDB chegou a se aliar com o PSDB em Goianésia para derrotar o grupo de Renato na eleição municipal. Não deu certo.
Olho em 2026
Já o senador tem mirado é a eleição de 2026. Se Caiado for reeleito tendo Daniel de vice, o jovem presidente do MDB será o candidato natural ao governo de Goiás na eleição seguinte. Vanderlan, que se aproximou do governador para disputar a eleição para prefeito de Goiânia em 2020, contra Maguito Vilela (MDB), não sepultou o projeto de disputar novamente o governo estadual (disputou e perdeu nas eleições de 2010 e 2014).
O senador disse na entrevista que a insatisfação motivada pela escolha de Ronaldo Caiado, “sem diálogo”, deve se intensificar e que o nome do emedebista não se sustentará na condição de vice. Afirmou ainda que não tem mais o mesmo entusiasmo de antes com a reeleição do governador. “Acredito no projeto, mas essa confiança vai ter que ser reconstruída novamente”, disse Vanderlan, que até há poucos dias vinha trabalhando intensamente para emplacar Henrique Meirelles (PSD) na vaga de candidato ao Senado pela chapa governista. Aliás, Vanderlan foi eleito senador em 2018 na chapa de Daniel.
A questão, que o ex-prefeito e senador não citam, é que Daniel Vilela comanda o MDB em Goiás. Trata-se do partido com maior número de filiados no Estado. Além disso, o jovem político ficou em segundo lugar na eleição para o governo estadual em 2018, com 479,1 mil votos (16,1% dos válidos). Já seriam motivos mais do que suficientes para cacifá-lo para a vice de Caiado (ou até mesmo para uma nova candidatura a governador). Mas ainda tem outro: o próprio Iris Rezende, antes de falecer, iniciou a construção da aliança entre Caiado e Daniel.
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