A 63ª Cúpula do Mercosul terminou nesta quinta-feira (7/12) com o aumento da preocupação dos países do bloco diante da iniciativa da Venezuela de querer anexar parte do território da Guiana. No entanto, não houve críticas diretas ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Em seu discurso de abertura, Lula disse que a América do Sul não quer guerra e que o Mercosul não pode ficar “alheio à questão”.
Apesar do apelo, evitou condenar a atitude beligerante do presidente venezuelano Nicolas Maduro, que já afirmou que mais da metade do território da Guiana será anexado ao seu país. Ao convocar outros países da região para mediar a tensão no continente, Lula tenta diluir a pressão que recai sobre si para mediar a relação entre os dois países.
Ao final da cúpula, o Mercosul divulgou nota conjunta em que os países manifestaram “profunda preocupação” com a escalada das tensões na região. O comunicado cita por duas vezes a expressão “ações unilaterais”, mas não as atribui diretamente à Venezuela. Diz apenas que “devem ser evitadas”. O texto foi assinado também por Chile, Colômbia, Equador e Peru. A Bolívia, aliada histórica da Venezuela, não assinou o documento.
EUA na área
A Venezuela classificou os exercícios militares anunciados pelos EUA na Guiana como uma “infeliz provocação”. Nesta quinta-feira (7/12), a embaixada norte-americana em Georgetown, capital guianesa, anunciou que o Comando Militar Sul dos EUA realizará “operações aéreas” no país sul-americano.
“Esta infeliz provocação dos Estados Unidos em favor da ExxonMobil na Guiana é mais um passo na direção errada. Alertamos que não seremos desviados de nossas ações futuras para a recuperação de Essequibo”, disse o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López.
Em comunicado, a embaixada dos EUA informou que os exercícios militares são “operações de rotina para melhorar a parceria de segurança” entre os países. Também ontem, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ligou para o presidente da Guiana, Irfaan Ali, “para reafirmar o apoio inabalável dos Estados Unidos à soberania da Guiana”.
Reunião da ONU
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) vai fazer uma reunião nesta sexta-feira (8/12) para discutir a iniciativa da Venezuela para se apropriar do território de Essequibo que, hoje, pertence à Guiana. A reunião será uma conversa fechada, sem transmissão ou acesso de quem não é do Conselho de Segurança.
O Conselho de Segurança é composto por 15 países, dez em assentos rotativos e cinco permanentes — EUA, Reino Unido, China, Rússia e França — que possuem poder de veto e mesmo sozinhos podem barrar decisões do todo. A presidência do Conselho é rotativa e não indica um voto com peso dobrado ou de maior relevância numérica. Atualmente o Conselho é presidido pelo Equador.
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