O questionamento da meta fiscal de déficit zero em 2024 pelo presidente Lula (PT) expôs o ministro Fernando Haddad (Fazenda), que ficou claramente incomodado. Agora, mesmo que o objetivo para o ano que vem seja de fato alterado, é preciso afastar a ideia de isolamento do chefe da equipe econômica.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, aliados de Lula fazem uma operação para preservar a imagem de Haddad. Enquanto a Casa Civil estuda enviar uma mensagem ao Congresso para concretizar a mudança, uma parte do governo busca uma solução menos desgastante para o ministro.
De um lado, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, tem se mostrado a favor de encaminhar a mensagem modificativa, argumentando que cabe ao presidente a condução da política econômica. A alternativa seria uma costura para alteração da meta pelo próprio Congresso.
Já o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, tem defendido a manutenção da meta de déficit zero até que o Congresso aprove as medidas de aumento da arrecadação. Só depois, a meta seria reavaliada. Padilha tem afirmado que é importante defender a economia brasileira e, com isso, Haddad.
Mas ele sabe que quem manda é o presidente. Por isso, não descarta a hipótese de envio de uma mensagem modificativa.
Nova meta
A nova meta fiscal, com previsão de ficar em torno de déficit de 0,5%, pode ser apresentada por emenda ao Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO). Essa apresentação seria feita por aliados do governo um dia antes do prazo final, no próximo dia 16. Isso evitaria uma “saia justa” para Haddad. O objetivo do governo com a revisão da meta não é aumentar o gasto público, mas diminuir o contingenciamento de recursos no ano que vem.
Para o pesquisador associado da FGV/Ibre Armando Castelar, a mudança na indica uma “virada de fase” no governo Lula e aconteceu antes do que se esperava. “Obviamente, sinaliza que a política vai ter mais peso do que a política econômica daqui para frente e menos apetite por medidas de disciplina fiscal, o que é complicado numa situação que já não era confortável”, avalia, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.