O ex-presidente Lula (PT) está preocupado e o presidente Jair Bolsonaro (PL) encontrou uma fagulha de otimismo. Com base nas pesquisas que têm em mãos, quem é próximo de Bolsonaro põe fé que o presidente pode ultrapassar o petista em junho. O petista também acha que dificilmente o núcleo duro dos apoiadores de Bolsonaro deixará o presidente. O PT ligou seu sistema de alerta diante da conjunção de um incompreensível clima de já ganhou com um inexplicável salto alto. Em duas conversas recentes, Lula disse que era preciso tratar como certa uma recuperação de Bolsonaro nos próximos meses. O ex-presidente observa que os números de aprovação do governo pararam de cair e o Auxílio Brasil, que começou a ser distribuído, deve aliviar a economia para os mais pobres.
Isto afeta diretamente a estratégia da pré-campanha. Lula tem a leitura de que as eleições de 2022, de todas as cinco que disputou a presidente, é a que ele mais terá que caminhar ao centro. O número de pessoas que pretendem votar no centro e na direita é muito superior ao de eleitores da esquerda. Ele precisará ser percebido como um candidato moderado. Só que parte da esquerda não compreende este movimento. Em janeiro, aliás, o petista teve uma conversa com Fernando Henrique. Entre os assuntos, a vice de sua chapa para Geraldo Alckmin. FHC aprova a ideia e nunca dirá isso em público.
Os comandos das campanhas de Lula e Bolsonaro podem estar vendo cenários diferentes, mas a direção do movimento nas pesquisas que enxergam é o mesmo. Um de que a corrida vai ficar mais apertada. O que pode explicar uma transição que começa a tomar corpo na terceira via — e ela começa com a primeira federação partidária ganhando cara. O Cidadania aprovou se juntar ao PSDB. Falta, ainda, que os tucanos aprovem o acordo. Deve acontecer. A esperança é de que a federação crie a maior força partidária brasileira, unindo ainda MDB e União Brasil.
Os tucanos responderam ao movimento do Cidadania para compor uma federação. “A federação entre Cidadania e PSDB, pela qualidade de seus quadros, fará a diferença no Congresso e nas próximas eleições presidenciais.” Neste jogo, quem trabalha para o candidato tucano João Doria tem esperanças de que a emedebista Simone Tebet tope a vice-presidência.
Na ponta do PT, a federação com o PSB não vai bem. Os socialistas racharam. De um lado, os governadores Paulo Câmara (PE) e Flávio Dino (MA), além do candidato a governador do Rio Marcelo Freixo, tentam trabalhar por um acordo. Quem está do outro lado, como o governador capixaba Renato Casagrande, os acusa de pensarem não no partido e sim em suas candidaturas.
Tentando se equilibrar no meio, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, vem demonstrando irritação. Não responde aos telefonemas de Fernando Haddad, que gostaria que os pessebistas retirassem a candidatura de Márcio França ao governo paulista. E bateu de frente com Freixo, que está fazendo campanha por Haddad contra seu copartidário. “É um infiltrado do PT”, afirmou. Mas, em público, Siqueira nega qualquer briga.