Após meses de ameaças para que o aplicativo russo Telegram cumprisse as leis brasileiras, o ministro Alexandre Moraes (STF) enquadrou a empresa. Atendendo a um pedido da PF, ele determinou na noite de quinta-feira que aplicativo fosse bloqueado no Brasil e só permitiu que voltasse na noite de ontem (20/3). Entre as exigências estavam a nomeação de um representante oficial no país e a retirada do ar dos links vazados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) com um inquérito sigiloso da PF sobre um ataque hacker ao TSE.
O trabalho foi intenso, durante o fim de semana, na sede do aplicativo em Dubai. Entre os anúncios feitos sábado e domingo pela plataforma, que viabilizam seu retorno à operação, está a nomeação do advogado Alan Campos Elias Thomaz como representante legal da companhia no país.
Pavel Durov, um dos fundadores e CEO do Telegram, sentiu o golpe. Na sexta-feira ele usou a própria conta no aplicativo para se desculpar. “Em nome da minha equipe, peço desculpas à Suprema Corte brasileira por nossa negligência. Nós, definitivamente, poderíamos ter feito um trabalho melhor”, escreveu.
Entre as novidades que o Telegram promete entregar em sua operação brasileira está uma forma de marcar publicações como ‘informação imprecisa’. Não importa quantas vezes a mensagem seja encaminhada, sempre carregará o alerta. Também está sendo firmada uma relação com organizações respeitadas de checagem como Agência Lupa, Aos Fatos e Boatos.org. Personagens que tiveram seu uso da plataforma restrito por ordem do STF terão, agora, mais dificuldades de criar canais novos.