O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) revelou sua estratégia de defesa diante do julgamento no Supremo Tribunal Federal da acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo admitiu ter conversado com auxiliares sobre estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal em 2022.
“Tudo foi colocado na mesa”, ele disse, mas descartado “logo de cara”. Bolsonaro contou ter se reunido duas vezes com os comandantes militares, “mas nada com muita profundidade”. De acordo com o ex-presidente, “não tem problema nenhum conversar”.
Ele e os militares teriam chegado à conclusão de que, mesmo que houvesse uma alternativa para impedir a posse do presidente Lula, “não vai prosseguir, então esquece”.
Bolsonaro teria desistido das ideias golpistas “no comecinho de dezembro”. Mas afirmou que a trama, como foi revelada, “é uma história contada por aquela parte da Polícia Federal vinculada ao senhor Alexandre de Moraes”.
Anistia
Questionado se uma eventual prisão significaria o fim de sua carreira política, afirmou: “É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos”.
Ele indicou que apoiaria um projeto de anistia aos condenados do 8 de janeiro que não o contemplasse. Indagado se há chance de se juntar ao filho Eduardo nos Estados Unidos e pedir asilo político, respondeu que não. “Zero, zero, zero.”
Reação petista
Gleisi Hoffmann, ministra responsável pela articulação política do governo Lula (PT), classificou as falas como “confissão de culpa”. Ela postou em sua conta no X: “Na estranha entrevista do réu Jair Bolsonaro, o que ressalta é a confissão de que ele nunca aceitou o resultado das eleições.
“É espantoso admitir que tentou impor estado de sítio, estado de defesa, aplicação indevida do artigo 142, intervenção militar e outras ‘alternativas’ para não entregar o poder. A entrevista é uma confissão de culpa que deveria ser tomada como agravante em seu julgamento”, enfatizou.