O governador Ronaldo Caiado (UB) será convidado para falar na CPI do MST, instalada nesta semana na Câmara dos Deputados. Segundo a revista Veja, o convite virá do relator da Comissão, o ex-ministro e deputado bolsonarista Ricardo Salles (PL-SP). Aliás, o governador goiano também foi convidado pela Assembleia Legislativa da Bahia para falar sobre as ações realizadas em Goiás contra invasões de terras.
Com maioria bolsonarista e de deputados da direita, a CPI do MST foi criada para “investigar o real propósito [das invasões], assim como dos seus financiadores”. Entre os titulares do colegiado há deputados de partidos como PP, PL, União Brasil, MDB, Republicanos e PSDB. A comissão será presidida pelo deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS). Partidos de esquerda estão representados apenas pelas deputadas do PSOL Sâmia Bomfim (SP) e Talíria Petrone (RJ).
Ronaldo Caiado já deixou claro seu apoio à CPI. Recentemente, em evento do agronegócio em Uberaba (MG), disse que a comissão pode ajudar para o Congresso Nacional a formular mais leis que visem a punir pessoas e grupos que se dedicam a promover invasões de terras Brasil afora. “Precisamos de ações imediatas para acabar de vez com as invasões”, afirmou. “[Invasão de terra] é crime e deve ser tratado na dureza da lei”, enfatizou.
Agronegócio
Não é a primeira vez que o governador goiano se envolve com uma CPI para investigar o MST. Quando deputado federal, em 2009, como líder do então DEM na Câmara, ele protocolou requerimento no Senado para a criação de uma CPMI para investigar os repasses de recursos ao Movimento dos Sem-Terra. O motivo naquela época foram denúncias publicadas na imprensa sobre o financiamento público do MST, que usaria os recursos para a invasão de terras e prédios públicos. Convém que lembrar que se tratava do segundo governo de Lula (PT).
Aliás, a CPI começa os trabalhos agora em um momento sensível das relações entre o governo Lula e o agronegócio. Depois do episódio da Agrishow, quando o ministro Carlos Fávaro (Agricultura) foi “desconvidado” da abertura por causa da presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), vários chefes de pastas da Esplanada estiveram presentes na IV Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada no Parque da Água Branca, em São Paulo.
O gesto foi mal interpretado por setores do agronegócio, afetados por invasões praticadas pelo MST durante o “Abril Vermelho”. No mês passado, o movimento deflagrou uma série de ações que causaram constrangimento ao governo, como invasões de propriedades produtivas e de sedes de áreas de pesquisa da Embrapa Semiárido. Representantes da bancada ruralista chegaram a afirmar que Lula “rompeu o diálogo” com o setor.
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