O presidente Jair Bolsonaro tem encontrado dificuldades para filiar num partido que lhe dê condições (e total controle) para tentar a sua reeleição no próximo ano. Primeiro, tentou no Patriotas, mas houve resistência interna de lideranças do partido que não querem entregar o comando da legenda para a família Bolsonaro. Em seguida avançaram as conversas com o Partido Progressistas, que já emplacou o presidente nacional como ministro da Casa Civil, mas também pede novos ministérios no governo.
Entretanto, o problema maior, segundo levantou o jornal Folha de S.Paulo, é que algumas lideranças pepistas também não querem entregar o comando do partido para Bolsonaro e seus filhos. Principalmente, os governadores pepistas que vão disputar a reeleição e têm interesse de aliança em seus Estados com partidos da esquerda (algo que, numa filiação de Bolsonaro, será impensável). Especialmente os governadores do Nordeste brasileiro.
Mas, o presidente já sinaliza que pode filiar no PP sem a garantia de que terá o controle absoluto do partido. “Estou tentando um partido que eu possa chamar de meu e possa, realmente, se for disputar a Presidência, ter o domínio do partido. Está difícil, quase impossível“, disse na sexta-feira. “Então, o PP passa a ser uma possibilidade de filiação nossa“, completou. Valem lembrar que Bolsonaro já foi filiado no PP de 2005 a 2016, quando era deputado federal.
Outro foco de resistência pepista é o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL), que está de olho na sua reeleição para a presidência da Casa. Neste caso, uma derrota de Bolsonaro (filiado no PP) em 2022 poderia atrapalhar os seus planos.
O fato é que o PP tem forte base no Congresso Nacional: 41 deputados federais e 7 senadores. Suas lideranças avaliam que a filiação de Bolsonaro poderá aumentar essa força política, com a eleição de mais deputados e senadores em 2022, como ocorreu com o PSL em 2018. Ciro Nogueira pretende filiar no PP dois ministros: de Fábio Faria (Comunicações), que hoje está no PSD pelo Rio Grande do Norte, e de Tereza Cristina (Agricultura), hoje no DEM do Mato Grosso do Sul. Os dois são fortes cotados para a eleição ao Senado.
Claro, um forte componente para menor resistência no PP à filiação de Bolsonaro será a popularidade do presidente nas eleições do próximo ano e a expectativa de sua reeleição. As pesquisas de hoje mostram forte polarização com o ex-presidente Lula (PT), que atualmente lidera as intenções de votos para 2022.