A pré-candidatura do empresário Jânio Darrot (MDB) para a Prefeitura de Goiânia sequer pegou o embalo necessário e já é considerada incerta na base do governador Ronaldo Caiado (UB). Primeiro, porque o emedebista pouco tem avançado nas articulações políticas, depois de receber os apoios declarados do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, e da advogada Ana Paula Rezende, filha do ex-prefeito Iris Rezende.
Segundo, porque Darrot foi alvo na semana passada de uma operação da Polícia Civil de Goiás por suspeita de favorecimento quando era prefeito de Trindade. Ele teve quebrado seus sigilos fiscal e bancário, além de R$ 3,4 milhões em bens bloqueados. A investigação apura suposta fraude em licitação na contratação de uma empresa que já pertenceu à família de Darrot e foi “doada” para um ex-funcionário do empresário.
A Polícia Civil esteve na prefeitura de Trindade, em busca de documentos sobre a licitação e contrato realizado em 2013 com a empresa alvo da operação, quando Darrot era prefeito da cidade. O empresário, que já recorreu na Justiça para desbloquear seus bens, falou pouco até agora sobre a investigação. Em entrevista ao jornal O Popular, disse que “não tem nada a temer” e que mantém seu projeto eleitoral. Embora enfatizou que deixa o governador Caiado à vontade para decidir o melhor projeto para a sua base na capital.
Chama também a atenção que nenhuma liderança da base governista saiu, até agora, em defesa de Jânio Darrot. Na semana passada, questionado sobre a operação da Polícia Civil, o governador Ronaldo Caiado (UB) disse apenas que prefere aguardar a conclusão das investigações. O vice-governador Daniel Vilela, presidente estadual do MDB, também nada comentou.
Fator Peixoto
Aliados de Darrot suspeitam que a operação da Polícia Civil teria partido de uma “denúncia” feita por pessoas próximas ao presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, o deputado Bruno Peixoto (UB). É que o parlamentar, embora tenha anunciado no mês passado que retirava a sua pré-candidatura para prefeito de Goiânia, na verdade nunca fez isto de fato. Continua muito ativo nos bastidores.
Convém frisar que o grupo de Bruno Peixoto nega qualquer participação do deputado na operação policial contra Darrot. Seu pai Sebastião Peixoto, inclusive, lembrou em vídeo gravado (e espalhado em grupos de WhatsApp) que a Polícia Civil de Goiás é subordinada ao governador Caiado.
Fator Mendanha
Apesar de não estar descartada uma pré-candidatura de Darrot, o fato é que o núcleo político do governador Caiado corre o risco de voltar à estaca zero em Goiânia. Tanto, que passou a mostrar otimismo (ainda comedido) sobre a possibilidade de Gustavo Mendanha disputar a eleição deste ano na capital.
Para isto, Mendanha precisa do aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), porque a legislação eleitoral impede uma terceira candidatura consecutiva à prefeito. Embora até há pouco tempo quase ninguém no Palácio das Esmeraldas apostava na possibilidade de ter o ex-prefeito de Aparecida na eleição da capital, advogados do MDB nacional afirmam que ainda há possibilidade de vitória de Mendanha no TSE.
O fato é que a pré-candidatura de Jânio Darrot em Goiânia, que já carecia de embalo político, parece ter estacionado. O próprio empresário afirmou, recentemente, que precisava consolidar até o final deste mês o seu projeto eleitoral na base do governador. Como faltam apenas 15 dias para acabar fevereiro, dificilmente conseguirá. Já Ronaldo Caiado afirmou que espera esta definição na sua base somente para final de março ou abril. Mas disse isto antes da operação policial contra a sua principal aposta para a Prefeitura de Goiânia.
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