Os juros altos que têm prejudicado a economia e uma demanda reprimida em razão dos efeitos da pandemia da Covid-19 nos últimos três anos levaram a uma disparada nos pedidos de recuperação judicial, na avaliação de especialistas em Direito Empresarial. Só nos quatro primeiros meses deste ano, foram 382 requerimentos ingressados na Justiça, segundo levantamento da Serasa Experian. Esse total representa um aumento de 39% em relação ao período de janeiro a abril de 2022, quando houve 275 solicitações do gênero.
O volume de pedidos apresentados até abril de 2023 só perde para o registrado em 2018, quando houve 518 pedidos em igual época. Os dados do Serasa mostram que a maioria dos requerimentos do gênero ocorreu no setor de serviços, com 164. Depois aparecem o comércio (99), indústria (82) e o segmento primário (37). Em meio a eles, destacam-se os pedidos da Lojas Americanas, do Grupo Petrópolis, da Light e da Oi. Em Goiás, também empresas conhecidas pediram recuperação judicial, como o caso da rede Goianita.
Descapitalizados
“Muitos empresários venderam seus bens e se descapitalizaram durante a pandemia para manter funcionários, as operações e até mesmo o aluguel de imóveis”, avalia o advogado Fernando Brandariz. Na avaliação do especialista em direito empresarial, as empresas têm sofrido muito para manter as suas atividades em meio ao aumento dos juros, aliado com pouca demanda no mercado.
Brandariz diz que esse crescimento dos pedidos de recuperação judicial trará impactos negativos à economia brasileira. “As consequências são as piores possíveis. Ocorrerão demissões e, inclusive, a devolução dos imóveis locados por parte de algumas empresas e, consequentemente, uma inadimplência. Tudo isso reflete negativamente no desenvolvimento do país”, diz.