O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realiza nesta sexta-feira (6/1) a sua primeira reunião ministerial. Mas, longe de ser um evento protocolar de início de governo, o encontro deve ser usado para enquadrar auxiliares que se animaram demais com os novos cargos. E deram declarações que não coincidem com os planos do presidente ou se envolveram em polêmicas uns com os outros.
O recado de Lula será direto: todos os anúncios e sugestões de políticas precisarão do aval do Palácio do Planalto. Além de mostrar unidade, o governo quer evitar desgastes. Em entrevista, a ministra da Mulher, Cida Gonçalves, disse, por exemplo, que qualquer legislação sobre o aborto votada pela atual composição do Congresso teria mais retrocessos que avanços. Isto provocou uma reação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O último exemplo de linha cruzada na Esplanada dos Ministérios foi provocado pelo ministro da Previdência, Carlos Lupi. Na terça-feira, ao assumir a pasta, ele afirmou que pretende discutir a “antirreforma da previdência”. Foi desautorizado pelo colega da Casa Civil, Rui Costa, segundo o qual “não há nenhuma proposta sendo analisada ou pensada”.
O principal foco de preocupação é justamente com Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Ele já vem sendo cobrado por interlocutores pelas diversas vezes que parece ser contradito ou derrotado internamente no governo. Comentários do ministro do Trabalho Luiz Marinho, da presidente do PT Gleisi Hoffmann também já puseram Haddad em saias justas.