A eleição antecipada da Mesa Diretora da Câmara de Goiânia, que acontece hoje (30), provavelmente não contará com a balbúrdia tão recorrente em disputas anteriores. Com a Câmara dominada politicamente pelo grupo do presidente Romário Policarpo (Patriota), a votação deve ser somente para homologar sua reeleição para o biênio 2023/2024, com mais de um ano de antecedência. Será o terceiro mandato consecutivo de Policarpo no comando da Casa.
As eleições do Legislativo goianiense fazem parte do folclore político da cidade. São episódios como reviravoltas e traições que ocorrem, literalmente, a cada hora do dia que antecede a votação até o resultado final, e também casos pitorescos. Como o do candidato que foi trancado pelos pares no banheiro feminino da Casa enquanto outro grupo político o caçava pelos corredores e gabinetes para lhe dar uma emparedada devido a uma traição aos 45 do segundo tempo. Nesse caso, a disputa eleitoral por pouco não terminou em pancadaria entre vereadores e o fujão virou presidente.
As “lendas” sobre malas de dinheiro circulando em dia de eleição da Mesa Diretora para assegurar certos apoios também são fartas. Aliás, não faltam ex-vereadores que tratem isto como verdade. Também virou tradição nas últimas disputas a chapa montada ser levada para alguma chácara nos arredores de Goiânia para que os membros sejam isolados do contato externo e, assim, não serem tentados a trair o grupo.
Nesses episódios, os aparelhos celulares geralmente eram confiscados para serem devolvidos somente na saída, na hora de ir para a votação todos juntos num microônibus. É que tinha vereador que não resistia a um telefonema com uma boa proposta dos concorrentes ou a uma chamada mais dura de algum líder político. O problema é que alguns conseguiam furar o bloqueio e entrar nesses locais com aparelhos escondidos, inclusive às vezes levados por familiares que iam visitá-los no confinamento político. É esse cenário extremamente imprevisível que Romário Policarpo conseguiu evitar com a antecipação da disputa.