A disseminação de fake news sobre perigos da vacina contra a Covid-19 nas redes sociais e aplicativos de mensagens segue como um dos principais problemas para as autoridades de saúde conseguirem avançar na imunização da população no Brasil. Nos últimos meses, não faltam histórias falsas sobre efeitos adversos (quase sempre mortais) em crianças e a associação de casos de morte súbita ao imunizante, assim como questionamentos sobre a própria eficácia da fórmula contra o coronavírus. A intenção, evidentemente, é confundir.
Foi o caso da morte do empresário da noite Alessandro Junqueira, conhecido por Lelê, que foi encontrado morto em sua casa dia 11 de janeiro, em Goiânia. Pipocaram nas redes sociais pessoas comentando que a morte dele, causada por um tombroembolismo pulmonar (quando uma ou mais artérias pulmonares ficam bloqueadas por um coágulo sanguíneo), teria relação direta com a vacina (embora ele a tivesse sido imunizado meses antes de sentir mal). Nem o médico que cuidava do empresário fez essa correlação, mas as redes, sim.
O próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) já questionou diversas vezes a eficácia das vacinas e insinuou até que haveria interesses obscuros por trás da pressa em se vacinar a população. Para o público que segue esta linha de pensamento, nem a queda brusca de mortes e internações após o início da campanha de imunização representa um argumento palpável pró-vacina.
A relutância das autoridades em adotarem medidas restritivas a quem se recusa a vacinar, como o passaporte da vacinação, também contribuiu para o lento crescimento do porcentual da população imunizada nos últimos meses. Um ano após a primeira dose ser aplicada, em São Paulo, o Brasil conta hoje com 68,8% de sua população imunizada. Em Goiás, a vacinação completa atingiu até agora apenas 62,9% da população, colocando o Estado na 15ª posição nacional.