Mais de 70 milhões de brasileiros perdem o sono diariamente porque estão endividados e encaram as taxas de juros mais altas do mundo. A população de baixa renda (classe D e E) foi a que mais sofreu na pandemia e na crise econômica. Pois a maior participação de sua renda era reservada para alimentação, justamente o que liberou o crescimento inflacionário do país nos últimos anos, com isso o número de endividados disparou.
Em maio deste ano, o número de famílias endividadas atingiu 79,3% do total de lares no país e nas famílias de baixa renda, inferior a 10 salários mínimos, o número superou os 80% pela primeira vez. De acordo com o levantamento do Instituto Locomotiva, 61% dos endividados tem o hábito de fazer rodízio de contas, ou seja, escolher qual dívida vai pagar no mês usando como base o valor dos juros e o quanto podem atrasar.
Atualmente, as taxas de juros dos cartões de crédito chegam a mais de 400% ao ano e uma dívida de R$ 1.000,00 contraída em janeiro, pode chegar a R$ 5.000,00 em dezembro. Já no cheque especial, as taxas de juros totalizam mais de 100% ao ano e uma dívida de R$ 1.000,00 do início do ano, pode fechar em R$ 2.300,00 no final do ano.
Educação financeira
Para o especialista Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor de novos negócios da Multimarcas Consórcios, a educação financeira é a solução. “A consciência de gastos e o planejamento para realização de grandes projetos beneficia não apenas o detentor do dinheiro, mas todos ao seu redor. Alguns países já implementaram a educação financeira na grade acadêmica, o Brasil precisa investir mais neste sentido, a base é o caminho para uma sociedade menos endividada”, diz.
O uso da regra 50, 30, 20, ajuda na organização das finanças e prioriza as despesas mais importantes, evitando o endividamento. A regra financeira é simples e separa o orçamento em três partes: 50% para gastos fixos e essenciais, 30% gastos variáveis e que podem ser cortados caso necessário e 20% para investimentos ou criação de um fundo de reserva.
Para entender melhor a regra, o especialista fez uma simulação com um salário de R$ 2 mil. “Com essa renda por mês você consegue separar R$ 1 mil para gastos fixos, R$ 600,00 com gastos variáveis e R$ 400,00 para investimentos ou reserva de emergência, que deve ser encarada com seriedade”.