O presidente Jair Bolsonaro sentiu o impacto da contraofensiva do TSE a sua campanha contra as urnas eletrônicas e reagiu com mais agressividade. O Tribunal abriu na segunda-feira um inquérito administrativo para apurar a conduta do presidente e encaminhou notícia-crime ao STF para que ele seja incluído no inquérito das fake news. Na manhã de ontem, falando a apoiadores, Bolsonaro disse que não aceitará intimidações. “Vou continuar exercendo meu direito de cidadão, de liberdade de expressão, de criticar, de ouvir e atender acima de tudo a vontade popular”, afirmou.
A delegada da Polícia Federal responsável pelo inquérito das fake news aberto pelo STF pediu, segundo a revista Veja, ao ministro Alexandre Moraes que solicite às CPIs da Pandemia e das Fake News dados resultantes de quebras de sigilo, em especial de assessores do Planalto. O objetivo é chegar no chamado “gabinete do ódio”. Em outra frente, a Câmara dos Deputados convocou o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto para se explicar sobre a suposta ameaça contra as eleições de 2022 se não houver voto impresso.
Já na CPI da Pandemia, no Senado, os depoimentos foram retomados ontem com um espetáculo de confusão por parte do reverendo Amilton Gomes de Paula, que intermediou uma negociação suspeita de vacinas ao Ministério da Saúde. A despeito das diversas reuniões, trocas de mensagens, fotos e telefonemas registrados, Amilton disse não conhecer ninguém no governo nem lembrar dos eventos. Em alguns momentos ele chorou — ou dissimulou choro — e disse ter sido usado, sem comover os senadores.
O reverendo foi mais incisivo ao dizer que o aumento de US$ 10 para US$11 no preço das doses oferecidas pela Davati Medical Suply, que supostamente negociava com a AstraZeneca, foi iniciativa da empresa. Antes mesmo do fim do depoimento, a Davati enviou nota à CPI desmentindo.