O advogado bolsonarista André Mendonça será empossado nesta quinta-feira (15/12) como novo ministro do STF e a grande apreensão é a postura do presidente Jair Bolsonaro (PL), responsável pela sua indicação. Recentemente, Bolsonaro rompeu o cessar-fogo que vinha mantendo com o Supremo e com o ministro Alexandre de Moraes em particular. Em entrevistas e eventos na semana passada, o presidente criticou decisões do ministro, como o inquérito contestado pelo PGR e as prisões do ativista Zé Trovão e do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ). Nos bastidores do Palácio do Planalto espera-se nova saraivada também contra Luís Roberto Barroso, que determinou a exigência de comprovante de vacinação para quem chega ao país.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, entrou ontem com um pedido no STF para que a Corte anule a decisão do ministro Alexandre Moraes de abrir um inquérito contra Jair Bolsonaro por divulgar informações falsas sobre a pandemia e que o Moraes seja afastado do caso. Ao abrir o inquérito, Moraes criticou a estratégia que vem sendo adotada por Aras de determinar “investigações preliminares”, que correm à margem do STF. No pedido de ontem, o PGR negou inércia em relação às acusações contra Bolsonaro e disse que um eventual inquérito, mesmo mantido pelo STF, não deve ficar sob a responsabilidade de Moraes, por não ter relação com a investigação sobre milícias digitais e fake news a cargo do ministro.
Tem mais: líderes evangélicos, que fizeram campanha pesada por Mendonça, querem que o presidente respeite as normas do Supremo para a pandemia e faça um teste PCR que lhe permita entrar na Corte. Ao ouvir um desses apelos, Bolsonaro teria soltado uma gargalhada. Segundo interlocutores, o presidente estaria disposto a fazer o teste, mas lembra que ele “é imprevisível, ninguém descarta que mude de ideia e, de última hora, decida confrontar a corte”.