Em longos e detalhados depoimentos à Polícia Federal, os ex-comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior, implicaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de forma direta na tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2022. Os dois ajudaram a preencher “lacunas importantes do caso”, disseram fontes.
Os militares confirmaram que participaram da reunião em que a minuta golpista foi discutida. Freire Gomes, que depôs na sexta-feira, adotou uma postura colaborativa e segue como testemunha.
O brigadeiro Baptista Júnior, que depôs há poucas semanas, ofereceu informações importantes e também é testemunha. Já o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, apontado como o único que teria aceitado aderir ao golpe, ficou em silêncio na PF e integra a lista de investigados.
A reunião sobre a minuta do golpe foi revelada em delação premiada pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.
Risco de prisão
A PF prevê concluir até julho os inquéritos contra Bolsonaro e entregar os resultados ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Além da tentativa de golpe de Estado, ele é investigado por descaminho de joias sauditas e inserção na base de dados do SUS de informações falsas sobre sua vacinação contra a covid-19.
Das três investigações, apenas a primeira representa, na avalição dos advogados de Bolsonaro, risco real de levá-lo à prisão.
´Papelão´
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, classificou como “papelão” o desempenho dos militares no trabalho em conjunto com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas últimas eleições.
“Foram manipulados e arremessados na política por más lideranças. Fizeram um papelão no TSE, convidados para ajudar na segurança, para dar transparência, foram induzidos por uma má liderança a ficarem levantando suspeitas falsas”, disse o ministro, sem citar nomes.
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