Dada como certa na semana passada, com direito a data marcada (dia 22), a filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL foi adiada por três semanas, prazo para, nas palavras do presidente, “casar ou terminar o noivado”. Um dos motivos do atrito é que Valdemar Costa Neto, presidente do partido, já havia firmado um acordo para apoiar o tucano Rodrigo Garcia para o governo de São Paulo. Garcia é vice de João Doria, que disputa nas prévias do PSDB a chance de concorrer à presidência. Bolsonaro não admite o apoio a um afilhado do adversário.
Mas esse não é o único problema. Em pelo menos cinco estados do Norte e Nordeste — Amazonas, Ceará, Piauí, Alagoas e Pará — o PL tem alianças locais com adversários do governo, como o governador petista do Piauí, Wellington Dias. Esses grupos querem autonomia para montar suas coligações independentemente da eleição presidencial.
E há um terceiro fator, que não é tratado abertamente: Bolsonaro pisou no freio diante da repercussão negativa entre sua base da filiação ao PL, especialmente por Costa Neto ter a própria imagem associada ao mensalão do PT. Na semana passada, ao se filiar ao Podemos, o ex-ministro Sérgio Moro fez um discurso atacando duramente a corrupção, citando tanto o mensalão quanto as denúncias de rachadinhas. Há o temor de que a filiação ao PL dê mais munição ao ex-juiz-futuro-candidato.
O presidente do PL chamou os presidentes dos 27 diretórios estaduais do partido para uma reunião amanhã. O dirigente quer discutir com todas as bancadas a filiação de Bolsonaro. O encontro, segundo pessoas próximas de Valdemar, tem por objetivo azeitar a entrada do presidente da República na sigla.
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