O procurador federal Helio Telho contou nas redes sociais uma história muito boa para ilustrar o que geralmente está por trás de políticos que desconfiam demais das urnas eletrônicas. Procurador eleitoral em Goiás nas eleições de 2004 (municipais) e 2006 (estaduais), Telho disse que já investigou várias denúncias de supostas fraudes em urnas. Geralmente eram os candidatos que procuravam o Ministério Público Eleitoral para levar a conhecimento dos procuradores histórias de eleitores que juravam terem digitado o número deles na urna, mas a imagem e o nome que apareciam na hora de confirmar era do adversário.
“Eles tinham certeza de que o eleitor tinha votado neles. Inclusive, levaram eleitores para confirmar a histórias”, relatou o procurador no Twitter. Mas a apuração dos investigadores sempre apontava que a “certeza” de que o eleitor digitou o número certo era porque os candidatos haviam comprado aqueles votos. Só que na hora do vamos ver, haviam tomado uma rasteira do eleitor. “Os eleitores embolsaram o dinheiro do candidato, votaram no adversário. Quando o comprador do voto checou o boletim da urna, descobriu que teve zero voto nela e foi tirar satisfação. Daí, os eleitores traíras puseram a culpa na urna para não admitirem a trairagem”, contou.
Professor da UFG e pesquisador da área da comunicação, Luiz Signates arrematou os posts de Telho com uma observação pertinente: “Só no Brasil mesmo, alguém capaz de cometer a desfaçatez de comprar voto e depois ir reclamar junto ao Procurador Eleitoral.”