Levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) aponta que a economia brasileira teve um crescimento de 3% em 2023. O estudo funciona como uma prévia do comportamento do PIB oficial.
De acordo com a FGV, o PIB brasileiro alcançou R$ 10,740 trilhões, marcando uma trajetória de três anos seguidos de alta e atingindo o recorde da série histórica. O PIB per capita fechou 2023 em R$ 52.611. Apesar de estar em ritmo crescente desde 2021, o valor está ainda abaixo dos anos 2023 (R$ 52.682) e 2014 (R$ 52.672).
Trata-se de um resultado maior que o apurado pelo Banco Central (BC). A instituição divulgou também nesta segunda-feira (19/2) o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), também considerado uma prévia do PIB oficial. De acordo com a pesquisa do BC, a economia brasileira teve crescimento de 2,45% em 2023.
De acordo com a coordenadora da pesquisa da FGV, Juliana Trece, o último trimestre do ano passado ficou marcado por uma “clara tendência de desaceleração”. Porém, segundo ela, o resultado mostra resiliência da economia. “Apesar das fragilidades de um crescimento anual concentrado e bastante influenciado por commodities”, frisou.
Força do agro
O principal motor de crescimento de 2023 foi a agropecuária, com alta de 15,8%. Com destaque para o desempenho da soja na região Centro-Sul do país. Segundo Juliana Trece, a força do setor agro se nota ao perceber que, sendo apenas 6% do PIB, respondeu por 30% do crescimento da economia.
“Esse contexto mostra forte concentração setorial e regional e evidencia que o crescimento econômico não foi sentido de modo uniforme no país”, pondera. Ainda segundo a pesquisadora, “o efeito do excelente desempenho agropecuário no ano se estendeu para outras atividades econômicas, o que potencializou sua influência na economia”.
O setor de serviços apresentou alta de 2,5% em 2023, em um desempenho considerado “crescimento generalizado”. Já a indústria brasileira terminou o ano com alta de 1,4%.
Outro fator que contribuiu para o crescimento do PIB foram as exportações, com alta de 9,5% no ano passado. O principal destaque foram as vendas para outros países de produtos agropecuários, que cresceram 25,3% no ano. Produtos da indústria extrativa mineral, como minério de ferro e petróleo, também tiveram desempenho expressivo no ano, com alta de 16,7%.
Consumo
O Monitor do PIB estima que o consumo das famílias cresceu 3,2% no ano passado. Dentro desse segmento, se destacam positivamente os setores de serviços e de produtos não duráveis (itens de consumo imediato ou com pouco tempo de duração). Em valores monetários, o consumo das famílias ficou em R$ 6,9 trilhões, o maior já registrado.
Já a chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que reflete o nível de investimento, como compras de máquinas e equipamentos, caiu 3,4% em 2023. Segundo a FGV, o desempenho de máquinas e equipamentos “preocupa”, pois vem acumulando quedas ao longo dos meses e fechou com retração de 8,5% no ano.
A taxa de investimento da economia foi de 18,1% em 2023. Além de representar o segundo ano seguido de queda, a taxa segue abaixo da média histórica desde 2000 (19,2%).
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