As investigações sobre o planejamento de um golpe para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder azedaram as relações entre o Exército e a Polícia Federal. Os militares reclamam, por exemplo, de ficarem sabendo pela imprensa de detalhes do depoimento do ex-comandante da Força general Marco Antonio Freire Gomes.
“Esses inquéritos estão sob sigilo apenas para nós”, disse um oficial. A tensão aumenta à medida que novos depoimentos comprometem mais profundamente Bolsonaro e ameaçam envolver outros militares.
A atual cúpula das Forças Armadas atua para blindar o ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira, segundo notícia do jornal O Globo.
Para protegê-lo, os militares destacam que a pasta da Defesa era de “natureza política” e que, por ser um quadro do governo, ele estaria “mais suscetível” às pressões e ordens do então presidente.
Implicação
Em depoimento à PF, Freire Gomes implicou diretamente Bolsonaro e Nogueira na trama golpista. Ministros do Supremo Tribunal Federal também têm uma imagem negativa do general.
Um dos principais focos no inquérito da PF, o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto tem negado a interlocutores ter pressionado militares da ativa a aderirem ao plano, conta Jussara Soares.
A PF obteve mensagens de celular nas quais ele se refere a Freire Gomes como “cagão” e ao ex-comandante da FAB Carlos de Almeida Baptista Júnior como “traidor da pátria”.
Os dois, segundo a PF, foram contra o golpe. Braga Netto, que foi candidato a vice de Bolsonaro, alega que não tinha cargo no governo e que só cobrava dos colegas uma resposta para concluir a transição.
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